Simplesmente... simples.

Olá!

Nestes últimos dias tenho andado algo pensativa. Filosófica, talvez…? Não, não chegaria a tanto, até porque nunca gostei de filosofias, lol. Mas há coisas que me dão que pensar, lembranças que surgem, saudades que teimam em não me deixar.

Lembro-me de tardes de verão passadas no campo, quando eu e o meu pai e avô materno pegávamos no jeep (um velhinho Land Rover descapotável), e lá íamos nós pelas estradas de terra da costa Vicentina (que eu já conhecia como a palma das minhas mãos), até praias desertas que, claro está, conseguíamos ir com o jeep. Era adorável ver aquele mar azul safira, o areal imenso e limpo, os corvos-marinhos… A maior parte das vezes levávamos os cães, e passávamos tardes assim, a passear pela praia. Sim, porque não pensem que íamos lá para ficarmos tipo focas, deitados para ali. Não! Até porque os cães não nos deixavam, lol. Depois voltávamos, e eu ia para a parte de trás do jeep, e ia de pé a sentir o vento na cara. Isto com os meus 15 anos.

Quando era muito mais nova, o meu avô ensinava-me tudo sobre os animais que iamos encontrando. Um dia uma raposa ficou presa num laço por engano, e ele ficou com ela uns dois dias lá na garagem, até que eu chegasse na sexta-feira para a ver. Claro que depois soltámo-la. Mostrava-me onde haviam lebres e como saber há quanto tempo tinham estado num campo, se os javalis tinham passado a noite em determinada plantação, e tantos outras coisas que aprendi graças a ele. Foi graças a ele que aprendi a amar e respeitar a Natureza. Ainda hoje ele está tão presente na minha vida, ainda que já tivesse partido há quase 20 anos! A nossa ligação era tão grande que ele não partiu sem se despedir, da unica maneira possivel... Mas essa é outra história, lol. Espero conseguir ensinar todas essas coisas à minha filha, esses valores que nunca se perdem e que deveriam existir sempre. Porque acreditem, quem não respeita os animais, nunca poderá respeitar o próximo.

É pena que hoje em dia a vida seja tão corrida. Já não temos tempo para nada. Quando foi a última vez que pararam para olhar um pôr-do-sol? Mas ver mesmo! Todos os tons de laranja e vermelho, que gradualmente se vão transformando em azul e lilás. Ou uma flor, daquelas florzinhas pequeninas e silvestres que há na beira de um caminho, e que nunca damos importância, até as pisando. Já repararam em todos os detalhes? Hoje ou amanhã façam isso. Parem por 5 minutos, e observem as pequenas coisas ao vosso redor. Aquelas que por vezes achamos insignificantes, e olhem. Simplesmente. Nessa altura estarão mais próximo do Divino do que alguma vez estarão...